segunda-feira, janeiro 07, 2008

SÉCULO XVIII EM MINAS

Apontamentos de Lázaro Barreto. 1708- A Guerra dos Emboabas: o chefe da facção vitoriosa, Manuel Nunes Viana, regia um feudo quase do tamanho de toda a Europa. 1711 – instalação dos três primeiros municípios mineiros: Ribeirão do Carmo (Mariana), Ouro Preto e Sabará. 1721 – Execução (terrível) do rebelde político Felipe dos Santos, por ordem do cruel Conde de Assumar. 1731 – Decretada a Pena de Morte na Capitania. 1739 – Tem início a famosa Picada de Goiás. 1750 – 80.000 pessoas trabalham nas minas de ouro. O ouro de Minas armou a Santa Sé contra o Cisma de Lutero e propiciou o advento da industrialização na Inglaterra. Extração declarada até 1830: 1.072.118 kgs. 1752 – Nascimento da famosa matrona de Joaquina de Pompeu. 1755: Terríveis notícias do Terremoto de Lisboa. 1756: Falecimentos de Chica da Silva e do Conde de Assumar. 1758 – Alarme dos Quilombos em várias partes do território mineiro. 1764 – O governador Luiz Diogo e sua Comitiva (o secretário era o poeta Cláudio Manuel da Costa) passam dois dias na Villa de São Bento do Tamanduá (hoje Itapecerica). 1769 – Publicação do livro de poemas “Uruguay”, de José Basílio da Gama. 1771 – Sai o famoso Livro da Capa Verde, em Diamantina, cuja extração de diamantes até 1900 foi de 18.985.751 quilates. 1773: Expedida a Ordem Régia do imposto chamado Subsídio Literário. 1754: Inauguração da Capella (hoje Santuário) de Nossa Senhora do Desterro, construída pelo português Domingos Carvalho da Silva, no Distrito do Desterro, hoje Marilândia. 1755: 1) Inconfidência de Curvelo: 15 implicados no crime de lesa-majestade; 2) Posse do Governador Antônio de Noronha; 3) Declaração de Guerra aos Índios Botocudos. 1776: Notícias da Independência da América Inglesa (Estados Unidos da América do Norte). 1776: Primeiro Censo realizado em Minas. A Capitania era mais populosa que o mais populoso estado da América do Norte (Virginia); Villa Rica era mais populosa que Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. 1782: Thomaz Antônio Gonzaga chega à Villa Rica (Ouro Preto). 1783: Os salteadores da Mantiqueira enxameiam-se. 1788: escritura do famoso livro “Cartas Chilenas”, de Thomaz Antônio Gonzaga. 1789: Inconfidência Mineira. 1792: execução de Tiradentes.

ALGUNS DADOS HISTÓRICOS DO PADRE FRANCISCO DE PAULA BARRETO

Colhidos por Lázaro Barreto. 

Pasta 602 – Armário 04 – Arquivo Judiciário de Itapecerica. Ele é filho do Sargento-Mór Antônio José Barreto e de Dona Joana Maria de Souza Castro. Natural de São Bento do Tamanduá, batizado na Ermida de São Francisco de Paula, filial da Matriz do Tamanduá. Neto paterno do Tem. Miguel de Araújo Barreto, natural de Braga, Portugal, e de Dona Rufina Barreto, natural do mesmo arcebispado de Braga. Neto materno de José Martins dos Santos (natural de São Cosme e Damião, do Bispado do Porto) e de Dona Rosa Maria de Souza, natural da Vila de São José, hoje Tiradentes. Pasta 6 de Batizados – Arquivo da Cúria de São João Del Rei, pág.2. “Na Capela de Nossa Senhora de Oliveira, batiza a Francisco de Paula Barreto, nascido em 18/05/1770, filho do sargento-mor Antônio José Barreto e de Dona Joana Maria de Souza e Castro, moradores na Aplicação da dita Capella. Padrinhos: Ten.Caetano da Silva Pereira e Dona Antônia Felisberta de Castro, mulher do cap. Joseph Ribeiro de Oliveira e Silva, da dita Aplicação. Passado (o presente registro) em 1795 – o pai já era falecido e a mãe vivia na Aplicação de São Francisco de Paula. Cópia de requerimento feito ao cabido do Bispado da Villa de São José. (nota do pesquisador: há um engano aí referente ao local do batismo, ou seja uma contradição entre os documentos do arquivo de Itapecerica com o de São João del Rei. Ao que tudo indica, o primeiro é o certo. Do testamento de Dona Joana, mãe do Padre (falecida em 1824, consta os nomes das oito filhas: Anna Joaquina (mãe de Antônia e Joana); Antônia (mãe de Felisberto); Anna (mãe de Francisco); Maria; Felizarda; Maria Bernardina; Leonor Joana; e Mariana (e também o do padre, é claro). Deixa missas encomendadas em intenção dos herdeiros então falecidos e pela alma do falecido Manuel Rodrigues Pereira de Miranda. Cita José de Souza Silveira e Boaventura José dos Reis, como testemunhas – e Antônio José de Oliveira Barreto, como primeiro testamenteiro, em substituição ao padre, que na época se achava paroquiando a Capela de Nossa Senhora da Pena em Rio Vermelho, distrito do Serro. Ao longo da pesquisa, apuramos, também, os nomes de seis cunhados do padre: José Antônio Friaça, Manuel José do Espírito Santo, Manuel Fernandes Martins, Pedro Francisco de Menezes, Antônio Ferreira Diniz, e José Fernandes Martins. Apuramos também que o Padre dirigiu, além da Matriz de Oliveira, as paróquias de RioVermelho e de São Vicente de Ferrer, em Formiga. Do livro “História de Oliveira”, de Luiz Gonzaga da Fonseca, pinçamos os seguintes trechos: “Padre Francisco de Paula Barreto – Cavaleiro da Ordem de Cristo, homem culto e realizador. Tríplice Fundador: do Curato, da Freguesia e do Município de Oliveira, incluindo a inauguração da Villa (antiga denominação de Município) e a organização da primeira Câmara Municipal. Foi também o primeiro Juiz de Paz do Curato e o primeiro Governador (sic) de Oliveira. Deve-lhe o lugar os primeiros melhoramentos urbanos como: Matadouro, Cemitério, Correio, abertura das primeiras Escolas. Foi quem educou e orientou a primeira geração de oliveirenses ilustres. Hoje o velho pastor de almas dorme ao lado de um seu coevo ilustre, sob o pavimento da Matriz de Nossa Senhora da Oliveira, do lado de dentro da porta principal.” Páginas 119 e 120. Em 1819 regia o Curato, em 1840 era o Presidente da Câmara Municipal. No Testamento de sua mãe Joanna Maria de Souza Castro, falecida em 1827 (o Testamenteiro foi meu tetravô Antônio José de Oliveira Barreto), , Caixa 23, do Museu Regional de S/ao Jô/ao Del Rei consta os nomes das filhas e do Padre. elas são: 1 – Joaquina, então já falecida. 2 – Antônia, mãe de Felisberto. 3 – Anna Joaquina de Castro (mesmo nome da primeira esposa de meu tetravô citado) casada com Manuel José do Espírito Santo. 4 Maria. 5 – Felizarda (mesmo nome da segunda esposa de meu tetravô). 6 – Maria Bernardina. 7 – Leonor Joanna casada com João Antônio Friaça, pais da menina Joanna. 8 – Marianna cc Manuel Fernandes Martins, pais de Anna Maria. 9 – Francisco, Padre. O Sargento-Mor Antônio José Barreto, pai do padre, era um homem muito poderoso, na época: suas terras partiam da divisa da Sesmaria de Antônio Costa Ferreira, em 1767 no Distrito de Cláudio, e alongavam-se contornando pela direita a Serra do Barreto (que estava dentro de sua propriedade) e seguindo até o Distrito de São Francisco de Paula, onde nasceu o seu filho em 1770 e faleceu a esposa em 1827. Toda a região em torno da hoje cidade de Carmo da Mata era conhecida como Mata do Barreto. Numa relação dos 34 Distritos da Villa de São Bento do Tamanduá, de 1803, existente no Arquivo Público Mineiro (de Belo Horizonte), o nome que consta do Distrito é Nossa Senhora do Carmo da Mata do Barreto.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

CASEMIRO DE ABREU - CORRESPONDÊNCIA

O que logo chama atenção no livro (com o selo da Academia Brasileira de Letras) de Mário Alves de Oliveira é o criterioso desvelo tipográfico das 290 páginas da CORRESPONDÊNCIA COMPLETA DE CASEMIRO DE ABREU, que ele reuniu, organizou e comentou, recriando com amor, carinho e talento a fascinante e conturbada personalidade do autor de AS PRIMAVERAS, contextualizada em seu tempo em seu lugar, mostrando a importância de cada detalhe na montagem de um relato das circunstâncias objetivas e subjetivas na real formação do poeta e de sua poesia , tão importantes na história cultural da identidade poética do povo brasileiro. Ainda na infância, vitima de problemas familiares (a separação física dos pais), ele “foi expulso do paraíso das verdes paisagens da aurora da vida”, tomando a direção da grande cidade, ao lado de um pai tirano, desacompanhado da mãe dócil, revelando-se, mesmo assim, o poeta que encantou a infância de todos os brasileiros afeitos à vivência do bom gosto, em sucessivas décadas do século XIX, ele que viveu praticamente apenas no curto período de 1839 a 1860. Renomado e amado poeta de tantas antologias e livros didáticos, seus versos, ao longo do tempo de sua posteridade, foram decorados e declamados por milhões de pessoas que cultuam e amam os belos valores da vida e do mundo. Mário Alves de Oliveira, afeiçoado e praticante das belas letras, poeta que é de sintética e expressiva obra já publicada, assumiu o alentado e criterioso trabalho de re-iluminar a obra que influenciou tantas gerações, cujas ressonâncias líricas respondem, ainda, por boa parte do sentimento poético que permeia a vida moderna, agora cada vez mais prosaica e violenta. Este é o primeiro dos cinco volumes da obra que ostenta o título geral de “EM TORNO A CASEMIRO DE ABREU”, um trabalho exemplar de pesquisa literária, no qual a minúcia é tratada atenciosamente, equilibrando os pontos cruciais do encontro das vivências humanas, confirmando a necessidade das partes na lícita constituição do conjunto. Sem elas os fios da meada não se emendam na confluência verídica e razoável de qualquer estudo que pleiteia clarear os princípios, meios e fins de qualquer caminho pretendido. Uma atitude esforçada e plausível do Autor, valorizada pelo empenho e talento para planejar, manusear, esquadrinhar e rejuntar de forma legível e até encantatória o produto final, que será generosamente oferecido ao leitor ávido de sucessivos aperfeiçoamentos do exercício intelectual.